quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Presidente da República - Mensagem de Ano Novo

Luanda - Quarta-feira, 28 de Dezembro de 2011

Íntegra do discurso presidencial de fim de ano.

MENSAGEM DE ANO NOVO DE SUA EXCELÊNCIA JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS, PRESIDENTE DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Luanda, 28 de Dezembro de 2011

CAROS COMPATRIOTAS,

Mais um ano chega ao fim e, de acordo com a tradição, este constitui um momento para partilhar com todos vós algumas reflexões sobre os problemas mais urgentes que ainda nos afligem e para deixar também aqui uma mensagem de esperança e de confiança.

Nós acreditamos num futuro melhor e na capacidade do nosso povo de vencer todas as dificuldades, mesmo os problemas mais complexos e difíceis. A nossa história assim nos ensina.

Por mérito próprio conseguimos alcançar tudo aquilo que queríamos. Com determinação, coragem, firmeza e grande vontade de vencer conquistamos a Independência, e mais tarde a Paz, construímos o nosso Estado e estamos a desenvolver o País em democracia.

Todos os Angolanos contribuíram para que chegássemos onde estamos. É legítimo, no entanto, que queiramos mais. Não podemos baixar os braços, porque ainda não realizamos o nosso sonho de construir uma Angola para todos onde cada família se sinta realizada, possuindo o necessário para ter uma vida condigna.

Permanecem por realizar alguns dos nossos objectivos essenciais, tais como erradicar a fome, a pobreza e o analfabetismo; as injustiças sociais, a intolerância, os preconceitos de natureza racial, regional e tribal, etc.

Apesar dos resultados positivos que atingimos, ainda há e haverá sempre, como é natural, por causa da evolução e do crescimento, aspectos e problemas a requererem mais atenção e resolução prioritária nos domínios da educação, saúde, habitação, emprego e do fornecimento de água e energia.

O Estado, a Sociedade Civil e o sector privado devem continuar a conjugar e a aumentar os seus esforços com o objectivo de:

- Corrigir o que está mal;
- Melhorar o que está bem;
- Criar coisas novas onde for necessário para aumentar a nossa capacidade de resposta e satisfazer as
  necessidades da sociedade.

O caminho do desenvolvimento e do progresso faz-se com o trabalho de cada cidadão e exige de cada empresa pública ou privada e de cada instituição pública, uma disciplina determinada, uma orientação clara e condução responsável.

Requer ainda a unidade da Nação, a coesão social, estabilidade política e respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, bem como o respeito pelas instituições democráticas.

Por essa razão, temos de continuar a criar condições para que nenhum cidadão nacional se sinta excluído do processo de crescimento do País ou discriminado por factores de ordem subjectiva.

A concretização desta intenção de inclusão social passa pela adopção de políticas públicas que acelerem a absorção dos agentes económicos do sector informal pela economia formal e pela desconcentração da actividade administrativa, económica, produtiva, social e cultural da capital do País e das sedes de Província para os Municípios, Comunas, Aldeias e Povoações por forma a canalizarmos para aí mais recursos técnicos, financeiros materiais e humanos, através da administração pública e das empresas e combater as assimetrias regionais.

Assim criaremos, paulatinamente, condições e oportunidades para que todos beneficiem do clima de paz e dos frutos da Reconstrução Nacional e do desenvolvimento do País.

Esta tendência vai ser acentuada a partir de 2012, por força de uma melhor coordenação da implementação da Lei das Micro, Pequenas e Médias Empresas, do Programa Nacional de Reabilitação das Vias Secundárias e Terciárias, do Programa Água para Todos, do Programa da Municipalização dos Cuidados de Saúde, do Programa do Desenvolvimento e Comércio Rural e do Programa de Habitação Social.

A referida Lei deve ser aplicada de modo criativo para que beneficiem também pequenos empreendedores tais como, as mulheres que se dedicam ao comércio ambulante, os criadores de cultura como os músicos, as produtoras, as associações de dança e de teatro, produtores de artesanato, artistas plásticos, etc.

Reconheço como natural a expectativa e a vontade de ver resolvidos rapidamente todos os problemas. Mas, temos contra nós o tempo.

Tudo requer tempo para ser feito!

Em 2012 vão cumprir-se apenas dez anos de paz e o caminho percorrido, desde então, permite-nos concluir que se fez tudo o que esteve ao nosso alcance para chegarmos onde estamos.

O que a Nação fez é positivo e dá-nos a esperança de que podemos fazer melhor agora e atingir as metas que estamos a preconizar a médio prazo e garantir uma vida melhor para todos.

CAROS COMPATRIOTAS

O mundo está em constante transformação e é compreensível o desejo de todos aspirarmos a uma mudança para melhor nas nossas vidas.

Esse é um sentimento normal no ser humano e que o faz avançar sem parar para conquistar cada vez mais progresso e bem-estar.

A nossa história recente ensinou-nos, no entanto, que o processo de mudança pode ser brusco e radical ou evolutivo e suave, por fases.

Os processos radicais provocam rupturas e grande desorientação inicial com consequências sociais graves.

As mudanças que decorrem através de processos democráticos e pela via do diálogo, da compreensão mútua, da convivência pacífica e do estrito cumprimento da legalidade, garantem estabilidade social e política.
No ano que dentro de dias começa, vamos realizar pela terceira vez eleições para a escolha dos nossos Deputados à Assembleia Nacional e do Presidente da República, Titular do Poder Executivo.

Estão a ser criados os mecanismos legais para que essas eleições sejam bem organizadas, transparentes e justas.

Cabe a todos, aos cidadãos eleitores em particular, a grande responsabilidade de fazerem a escolha certa para que seja garantida a continuidade da construção de uma Angola de paz, de democracia e de desenvolvimento.

Alguns Partidos Políticos já anunciaram o candidato à Presidente da República que vão apoiar nas próximas eleições. Outros vão pronunciar-se brevemente, como é natural.

Ainda temos oito meses pela frente o que importa é que cada um, no seio da sua família, encontre nesta Quadra Festiva o amor e a energia necessários para seguirmos em frente, num espírito de unidade e de solidariedade social, defendendo os superiores interesses da Pátria angolana.

Eu desejo a todos

FESTAS FELIZES E

UM PRÓSPERO ANO NOVO!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Conheça o novo Portal Oficial do Governo de Angola


O corredor do rio Kwanza na região de Malanje, em Cangandala, faz parte de um projecto do Ministério da Cultura que visa a sua candidatura para a lista do património mundial, afirmou terça-feira, 13, o chefe de secção de monumentos e sítios do instituto nacional do património do Estado, Emanuel Cardoso.

O responsável que falava à margem da visita de 72 horas aquela província da titular da pasta do sector, Rosa Silva e Cruz, nas imediações do referido curso de água, recordou que o mesmo ocupou um lugar de destaque durante o processo da colonização portuguesa em Angola.

“Eixo de penetração para o interior de Angola”, com localidades “banzas” que serviram de capitais dos reinos do Ndongo e Matamba.

Os especialistas que trabalharam na região recolheram dados relacionados com a extensão e as zonas que são navegáveis no curso de água.

Emanuel Cardoso garantiu que os primeiros estudos visam a sua classificação ao nível do país, enquanto ao nível da humanidade o Estado angolano terá a missão de desenvolver acções atinentes à sua conservação, uma vez que alguns bens foram categorizados de forma particular e colectiva.

O chefe de secção de monumentos e sítios disse que é grande a quantidade do património edificado e sítios de interesse histórico, arqueológico, paleontológico e cultural.

A ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva e a equipa de trabalho que a acompanhou analisaram com o executivo de Boaventura da Silva Cardoso os programas de desenvolvimento cultural da circunscrição e a execução da política do sector, que carece de enquadramento nas acções dos governos provinciais.

A cartografia das tumbas dos antepassados existentes na região é outra preocupação que levou a ministra àquela localidade do país, onde o fenómeno religioso, as figuras históricas, as línguas nacionais, salas de cinema e bibliotecas constituem componentes de capital importância para o desenvolvimento cultural do o programa de visita de Rosa Cruz e Silva foi preenchido igualmente com encontros com os responsáveis da Associação dos Amigos e Naturais de Marimba (ANA MARIMBA), que defendem maior dignidade para o perímetro onde estão sepultados os restos mortais dos reis do Ndongo, com os agentes culturais e representantes de igrejas, além de visitas às obras de construção da biblioteca provincial, Cine Teatro Turismo e os túmulos de Capanda e Pedras Negras do Pungo Andongo, no município de Cacuso.
Fonte: Novo Jornal 204
Isaías Soares
Em Malanje

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Empresa angolana Plus Art Arquitectos ganha prémio internacional

Angop
05-12-2011 21:04
Distinção


Luanda – A Plus Art Arquitectos, empresa de direito angolano, integrada apenas por técnicos angolanos, foi premiada pelo The International Property Awards, numa gala realizada em Burj Al Arab, Dubai (Emiratos Árabes Unidos), soube hoje, segunda-feira, a Angop, em Luanda, de fonte da sociedade.

Face à conjuntura actual angolana, onde o domínio desta actividade pertence a empresas na sua maioria estrangeiras, é de vangloriar o facto de uma empresa angolana ser reconhecida internacionalmente por uma instituição de renome e visibilidade mundial, declara a firma em nota de imprensa.

De acordo com pesquisa e contactos da empresa na Ordem dos Arquitectos Angolanos, é a primeira vez que arquitectos nacionais com projectos de arquitectura realizados em Angola obtêm uma distinção ou prémio internacional.

Na gala citada, acrescenta, mesmo para o continente Africano, juntamente com a Plus Art Arquitectos apenas mais um Atelier africano (das Maurícias) foi galardoado, num evento onde dominaram no continente africano ateliers ingleses e indianos.

“Neste âmbito, este acontecimento parece-nos de extrema relevância e de interesse nacional, na medida em que engrandece o nome do país além fronteiras e enaltece o ego de todos os profissionais angolanos, quer no panorama da arquitectura, quer noutros domínios”, sublinham na nota.

A Plus Art Arquitectos Lda., atelier de Arquitectura e Urbanismo sediado em Luanda, concorreu com dois projectos de arquitectura ao prestigiado concurso internacional denominado "The International Property Awards", que em associação com a Bloomberg Television - está aberto a profissionais do ramo imobiliário, quer residencial e comercial do mundo.

The International Property Awards, todos os anos realiza uma gala internacional, onde após apresentação de candidaturas e triagem das mesmas, um júri internacional selecciona e promove a nomeação dos projectos por categorias.

“É com orgulho angolano, que a Plus Art Arquitectos empresa de direito Angolano, composta apenas por técnicos angolanos, foi premiada pelo The International Property Awards, no dia 17 de Novembro de 2011”, concluiu.

A Liga Africana congratula-se com tão elevada distinção a este grupo de jovens angolanos, pelo sua abnegação e dedicação à arquitectura. A eles as nossas felicitações e votos de muitos sucessos

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Morreu João Fialho da Costa

João Fialho da Costa era membro da Liga Nacional Africana, enfermeiro de profissão, nacionalista angolano e militante do MPLA de primeira hora, foi integrante do histórico "Processo dos 50", lutador consequente pela causa da independência nacional.

Faleceu no dia 6 de Dezembro em Luanda, por doença.

A Angop destaca que desde a segunda metade do século passado, participou activa e fervorosamente no movimento clandestino de combate às amarras da então dominação colonial portuguesa, o que lhe custou várias detenções, em Luanda, o desterro no Tarrafal, em Cabo Verde, entre outras vicissitudes.

Aos 82 anos de idade, João Fialho da Costa deixa um exemplo inapagável de amor à pátria, de trabalho e de muita devoção à causa da paz, da unidade, reconciliação nacional, liberdade e do desenvolvimento do país, o que as gerações presentes e futuras saberão honrar, exalta a fonte.

Neste momento de dor e de luto, a Direcção da LIGA AFRICANA, em nome dos seus corpos directivos e sócios, inclina-se perante a memória de João Fialho da Costa e apresenta à família enlutada, à Associação dos Sobreviventes do Tarrafal e ao MPLA, as suas mais sentidas condolências

A Direcção

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As línguas angolanas como património

*João Pinto - Jurista e Deputado
Escrevo este texto para uma reflexão sobre a política linguística que deve orientar o Estado angolano nos termos da Constituição, devendo todo pensamento político se submeter à nova realidade, sejam normas anteriores internas ou convencionais, nos termos dos artigos 6.º e 239.º da CRA. No caso do Direito Internacional, submete-se à Constituição, nos termos da Convenção de Viena Sobre os Direitos dos Tratados.

Pretende-se definir o Estatuto do Angolês ou relativo à particularidade do Angolano, assim como há o Inglês, o Francês e o Português, pelo facto de ser o elemento ecológico do documento, a evolução lexicológica, catalogação de expressões exclusivas ou .relativa ao Angolano ou Angolês, a longo prazo.


Foi aprovada na generalidade a proposta de lei sobre o Estatuto das Línguas Angolanas de origem Africana, estando em vista a sua aprovação na especialidade, exigindo-se que o documento seja conformado com a Constituição e atender à conveniência política.


Contrariamente à corrente historicista ou etnolinguística, propalada no Semanário Económico de 10 de Novembro, pelo linguista José Pedro, que viola normas deontológicas do servidor público e a disciplina hierárquica, sou da teoria eclética, que busca a riqueza da herança africana, para confluíla com a Língua Portuguesa, resultando daí uma Língua pós-moderna, transcultural, o Angolês. E não o crioulo, que nasceu da pressão colonial em ilhas como as de Cabo-Verde, S. Tomé e Príncipe,
Antilhas, Haiti, Seychelles, Porto Rico e outras, segundo o linguista Francês, Calvet (2004:51).

Aqui é o povo soberano por força da Constituição que promove o estudo, ensino, utilização e a promoção da angolanidade ou do angolês. Esta é a tese de pedagogos,
escritores e linguistas mais reputados como Zau (2010), Mingas (1985) e Melo (2011) que qualquer legislador ou político deve atender. Os escritores angolanos são pelas realidades histórica, ambiental, cultural e humana nacionais.

Sobre o documento importa relembrar que ele procura atender à nova ordem jus constitucional e política, por força dos artigos 1.º, 2.º, 3.º, 7.º, 19.º, 21, 23.º e 87.º, todos da CRA.

I - Fundamento sobre a Unidade Territorial e Histórica

1. A presença colonial procurou sempre discriminar a utilização das línguas africanas, desde os primórdios da ocupação, evangelização, formação das elites governantes no Kongo, Ndongo, Matamba e Kassange, dos séculos XV a XVIII, impondo valores culturais exógenos ou estrangeiros, em detrimentos dos endógenos ou nacionais das populações africanas.

Numa primeira fase, era a fé cristã, para depois formarem-se elites religiosas, culturais e políticas concretizando os objectivos da evangelização e depois a dominação cultural ou colonização. Assim sendo, aprender e apreender a religião do europeu e sua língua era sinónimo de elevação social, civilização, reconhecimento ou inclusão nos interesses do outro dominador contra o eu ou nosso dominado. Há assim, uma alienação axiológica.

2. Com o tráfico de escravos, o convívio foi tornando-se mais lastimoso, a intriga, manifestava-se pela aceitação ou não do clero, militares e administrativos enviados pelo Estado português, por via do seu representante na corte ou Mbanza, interferindo em todas questões políticas, económicas e culturais. É assim que a nobreza Kongo vai viver o conflito de sucessão no Século XVI, depois da morte de Nzinga Nkuvo, tendo havido interferência do clero católico e de militares portugueses no Kongo, para se adoptar a sucessão do filho e não do sobrinho como mandava o direito consuetudinário konguês. Aqui começa de facto a interferência religiosa no direito africano da época, resultando daí o conflito entre Mpemba-a-Nzinga e Mpango-a-Kitina, respectivamente, filho e sobrinho do de cujos monarca Mwene Kongo Dia Ntotila, em 1506.

3. A necessidade de alargamento dos interesses europeus no Século XVIII e como consequência da Revolução Industrial e depois Política na América e na França, os europeus viramse na necessidade de manter os interesses de forma equilibrada, repartindo os espaços, administrando-os, por via do poder político (Administração e Exercito) e a religião da nação dominadora (Católica e Protestante, consoante o interesse fosse anglo-germânico ou latino). Isto obrigou à redefinição dos territórios colonizados por via da ocupação efectiva. É assim que nasce a divisão de África na Conferência de Berlim de 1884/5, obrigando a que as potências ocupassem, cultural, administrativa e territorialmente os seus domínios geográficos, para reivindicarem a colonização.

4. É assim que, nascem as políticas coloniais de assimilação, resultantes do Estatuto do indigenato e o imposto de palhota, com interesses administrativos, financeiros e culturais. Os documentos foram aprovados nos anos vinte a cinquenta e quarto do século vinte. É assim, também, que a configuração do território actual é designada por Angola, incorporando todos os povos dos antigos reinos até então dominados, guerreados e explorados, a despeito da sua resistência tenaz para a manutenção das respectivas soberania política e cultural. Esta luta prosseguiria mais tarde com a geração de cinquenta e sessenta, instruída com as políticas coloniais, que resistiu por via da escrita (Fontes Pereira, Assis Júnior, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato da Cruz, Liceu Vieira Dias e outros), o que contribuiu para a assumpção de uma consciência nacional.

5. O Nacionalismo angolano é deveras inclusivo ou aglutinador por razões históricas: as divisões etnolinguísticas, regionais ou religiosas não se sobrepuseram à defesa da Pátria, mesmo quando inicialmente ela começa com as elites urbanas ou rurais no litoral de Luanda, Benguela, assim como no Norte e Centro do país. Tais grupos de intelectuais pertenciam às várias camadas sociais, étnicas, linguísticas, religiosas ou raciais; não havia homogeneidade étnica ou racial no combate ao colonialismo. Utilizou-se o pluralismo étnico, racial e regional. Quando isto não aconteceu, soçobrou a tendência segregacionista ou discriminatória.
Esta é a razão de defendermos a teoria segundo a qual o Nacionalismo Angolano é plural, mas tendendo para a unidade, por razões históricas da sua luta colonial e pós colonial. ■

(*) Jurista, professor e deputado

As línguas angolanas como património cultural e factor de coesão nacional (1)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Doze crianças morrem diariamente no Hospital Pediátrico de Luanda e a situação tende a agravar-se. De facto, só nos últimos seis meses registou-se um aumento de 20% na taxa de mortalidade. Das mais de quatrocentas crianças observadas diariamente, noventa e seis são internadas e doze óbitos são registados, segundo revelam as últimas estatísticas.

A malária continua a ser a principal causa de morte depois das anemias, doenças respiratórias e sub-nutrição como referiu a médica Ermelinda Ferreira que lamenta os dados estatísticos dos últimos meses.
O hospital não tem condições de atender à demanda. Mais de cem pacientes estão numa sala que prevê apenas o internamento de 30 doentes o que obriga a partilha das camas por mais de duas crianças.
A situação deixa agonizada as famílias que acorrem para a única unidade sanitária pediátrica de Luanda em busca da saúde dos seus filhos.
Apesar das dificuldades as enfermeiras garantem tudo fazer para tentar salvar a vida das crianças e recomendam como solução a ampliação das estruturas físicas do hospital pediátrico.
A Direcção da Liga Africana, informada desta realidade, irá fazer uma visita àquela unidade hospitalar no dia 28 de Novembro de 2011 às 10h, com o objectivo de programar acções que venham a minimizar as dificuldades.

Liga Africana
Luanda, 23 de Novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Prémio Nacional de Cultura e Artes - Músicos animam gala dos laureados

Luanda – O corpo de Júri da edição 2011 do Prémio Nacional de Cultura e Artes apresentou nesta sexta-feira, em Luanda, os vencedores das distintas categorias, bem como as respectivas considerações sobre os vencedores no seu relatório final cujas justificativas abaixo se apresentam.

Na categoria de literatura, a escritora Maria Eugénia Neto venceu pela sua contribuição e persistência na valorização da literaturainfanto-juvenil, numa altura em que se procura, cada vez mais, promover o gosto pela leitura, reflexão e espírito critico, sobretudo no seio das novas gerações. De acordo com os júris, Maria Eugénia Neto está entre os precursores deste género em Angola, continuando a dar um laborioso e fecundo contributo, depois da publicação da primeira obra E nas Florestas os Bichos Falaram. O júri considera que a poesia de Maria Eugénia Neto, além de constituir uma saudosa e angustiante evocação da imagem de Agostinho Neto (1º presidente de Angola, e seu esposo), mantém um forte vinculo de intertextualidade com a obra Sagrada Esperança, problematizando aquilo que o social busca problematizar.


Por sua vez, o Ballet Tradicional venceu pelo conjunto da sua obra, pela trajectória de 27 anos ininterruptos, de persistência artística no domínio da dança tradicional e popular recreativa. O júri considera ainda que o grupo mereceu distinção pela divulgação da cultura nacional em certames e festivais internacionais, tendo, em alguns casos, ganho prémios. Considerou-se também a sua forma estrutural de grupo-academia de dança tradicional, e por constituir representações para a divulgação da dança no território nacional, bem como no exterior.
Na disciplina de música, João Morgado, conhecido percussionista com mais de 50 anos de carreira activa, ininterrupta, foi considerado, pelo respeito que granjeia de várias gerações dos centros urbanos de todo o país e além-fronteira.

Os músicos Wiza, Vum-Vum, Té Macedo, Armanda Cunha, Canda, Tiviné, o Colectivo Teatral Etu Lene e a Banda Movimento da Rádio Nacional de Angola, foram convidados a abrilhantar a gala de outorga do Prémio Nacional de Cultura edição 2011.


O júri considera, em seu relatório, que João Morgado é detentor de uma qualidade irrepreensível, assente numa sensibilidade e criativa impar no país. Diz que a síncope rítmica que, até aos dias de hoje marca a cadência do Semba – musica popular angolana – é obra brotada do génio do galardoado.

Na área de cinema e audiovisuais, a Tomas Ferreira, foi-lhe considerado a responsabilidade, abnegação, rigor, seriedade e determinação, tendo em consideração os valores mais supremos da cultura nacional.
“Os trabalhos Stop Sida e Angola Chama-te, ilustram bem a capacidade criativa deste realizador, a pensar Angola sempre com a visão sócio-política e cultural”, considera o relatório do júri. Refere ainda que o realizador usou a televisão de uma forma extraordinária. O júri considera que Tomás Ferreira, ao recorrer a vários géneros, construiu uma simbiose entre factos institucionais e a ficção, criando um entrosamento perfeito entre a técnica e plástica, prestando valioso contributo à valorização da identidade cultural angolana. “É de reconhecer o impacto positivo do magazine Stop Sida e os seus benefícios para a sociedade.

O grupo Vozes de África, da província do Huambo, foi consagrado pelo esforço que tem vindo a desenvolver para manter vivo o teatro na região, transformando-se num caminho incontornável para o De acordo com o júri, a sua regularidade na realização de espectáculos confere-lhe o título de grupo com a segunda maior dinâmica de exibições no país há mais de dez anos. O júri refere que o grupo mostrou competência organizativa ao realizar, pela quarta vez consecutiva, o festival inter-provincial de teatro Vozes de África, o que lhe mereceu o reconhecimento do Ministério da Cultura.

O pintor Mendes Ribeiro venceu pelo elevado valor artístico do conjunto da sua obra, desenvolvido ao longo de 37 anos de carreira, dando um forte contributo ao desenvolvimento das artes em Angola.


Vladimiro Fortuna venceu pela obra Angolanos na Formação dos Estados Unidos da
América (EUA), pela relevância, a pertinência e o interesse que o livro representa para o estudo científico da historiografia angolana sobre o quotidiano da diáspora nesta região do globo.

O júri considera que a publicação pode ser um incentivo e um modelo, para que outros investigadores possam alargar a reflexão e o estudo a outras áreas que reclamam divulgação, visando o enriquecimento da historiografia angolana.
A Liga Africana congratula-se com a excelência desta gala a que teve a honra de ser convidada pelo Ministério da Cultura a assistir, pelo que os membros da sua Direcção agradecem.

O Secretário-geral
 
Nesta gala foi também prestada uma singela e eterna homenagem a JORGE MACEDO, pela sua contribuição ao estudo e valorização da marimba que sua filha Té Macedo executa com mestria. Poeta, ensaista, investigador e etnomusicólogo deixou um legado que marcará decerto, a história da cultura angolana e tem servido de guia para as gerações mais jovens de estudiosos da cultura e da literatura angolana.



A cultura nacional é rica, é boa e nós gostamos !

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tributo ao Dr. João Vieira Lopes - Associação Chá de Caxinde

PERFIL

João Baptista de Castro Vieira Lopes nasceu em Luanda em 1932, onde concluiu o liceu. Em seguida embarcou
para Portugal em 1952 para estudar Medicina. Em terras lusas, foi Presidente da Casa dos Estudantes do Império e dirigiu a famosa “fuga dos 100”.


domingo, 16 de outubro de 2011

Ministra da Cultura rende homenagem a André Mingas

A ministra da Cultura, Rosa e Cruz e Silva, considerou hoje, domingo, em Luanda, que o falecido músico André Mingas vai inspirar à nova geração a preservação dos ritmos angolanos.

Em declarações à Angop, no âmbito do elogio fúnebre de André Mingas, a ministra referiu que o finado deixa, seguramente, um testemunho de artista, sempre na preservação do semba, que é a marca da música popular angolana.

Segundo a ministra, André Mingas foi um "grande" promotor da cultura de Angola, inclusive dirigindo áreas dentro do Ministério da Cultura.


“Ele era um músico com uma sensibilidade fantástica para a poesia, compunha as suas letras e fez um paradigma dentro da música popular angolana, num misto com a tradicional e com a moderna”, disse.

Nascido a 24 de Maio de 1950, André Mingas cresceu no bairro do Cruzeiro, em Luanda, era oriundo de uma família de artistas.


André Mingas foi músico e arquitecto de formação, tendo sido docente universitário em Portugal e Angola. Estudou na Universidade Agostinho Neto e, posteriormente, na Universidade Técnica de Lisboa.

Um dos grandes nomes da música angolana, André Mingas ocupou o cargo de assessor do Presidente da República para os assuntos locais e regionais acumulando, durante alguns anos, com a função de vice-ministro da Cultura de 2002 a 2008.


A música “Esperança” é considerada “uma das virtuosidades do cancioneiro assinada por André Mingas”. Outras canções também merecem destaque no seu percurso artístico, dentre as quais “Tchipalepa” e “Mufete”.





Presidente da República rende homenagem a André Mingas

16-10-2011 12:20

Angop:
Luanda - O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, rendeu hoje (domingo), em Luanda, homenagem a André Mingas, falecido terça-feira passada, em São Paulo, Brasil, vítima de doença prolongada.

Acompanhado da esposa, Ana Paula dos Santos, o Chefe de Estado angolano, no átrio principal da Liga de Amizade e Solidariedade para com os Povos, posicionou-se diante da urna, enquanto se ouvia o Hino Nacional.


De seguida apresentou cumprimentos aos membros da família, para depois descrever, no Livro de Condolências, o malogrado como sendo "um homem do bem, inovador, situado no seu tempo e espaço".

André Mingas, segundo ainda José Eduardo dos Santos, era possuidor de um grande espírito patriótico e génio indomináveis.


Também evocou os seus feitos, no domínio da música, da arquitectura, na política e em outras áreas. "O seu legado deve ser preservado e desenvolvido", escreveu o Presidente da República, que aproveitou o momento para exprimir "dor, tristeza e consternação" pelo infausto acontecimento.


O vice-presidente da República, Fernando da Piedade Dias dos Santos, os presidentes da Assembleia Nacional, Paulo Kassoma, e do Tribunal Constitucional, Rui Ferreira, como outras individualidades, prestaram igualmente tributo.

As homenagens prosseguem no mesmo local até ao funeral, marcado para a manhã de segunda-feira, no Cemitério de "Santa Ana", que será antecedido de uma missa de corpo presente, na Igreja da Sagrada Família.


André Mingas, de 61 anos de idade, músico e compositor, foi, até à morte, secretário do Presidente da República para os Assuntos Locais.

sábado, 15 de outubro de 2011

Jaime de Sousa Araújo - 91º aniversário natalício

Jaime de Sousa Araújo apaga 91 velas.

Considerado uma biblioteca viva e um pilar em que assentam as bases do nacionalismo cultivado pela Liga Nacional Africana, Jaime de Sousa Araújo, tem hoje o carinho dos associados e dirigentes da Liga Africana, herdeira espiritual dos valores cívicos, morais, culturais e patrióticos daquela associação desde o início do século 20.


O corpo directivo da Liga Africana, felicita-o desejando muita saúde e muitos mais anos de vida.









PARABÉNS Vice-Presidente Jaime de Sousa Araújo

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Velório de André Mingas domingo na Liga Africana


 Fonte: Jornal de Angola
O corpo do arquitecto, músico e compositor André Mingas, falecido na terça-feira, aos 61 anos, em São Paulo, vítima de cancro, chega no domingo ao país, confirmou, ontem, ao Jornal de Angola, uma fonte do governo provincial de Luanda. 
O velório é no mesmo dia, à tarde e à noite, na Liga Africana, e o funeral realiza-se na segunda-feira, de manhã, no cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, antecedido de uma missa de corpo presente.
A propósito da morte de André Mingas têm chegado à Redacção do Jornal de Angola várias mensagens.  A do Ministério da Cultura realça que André Mingas foi um homem de cultura e arquitecto de formação, que se dedicou à preservação e valorização da cultura nacional, emprestando todo o saber à divulgação da música angolana no país e no estrangeiro.
“O seu desaparecimento físico empobrece o universo artístico nacional, deixando um grande vazio, só mitigado pelo valor intelectual da sua obra que ficará indelével nos marcos históricos de Angola”, sublinha a mensagem assinada pela ministra Rosa Cruz e Silva.  
A do crítico musical Jomo Fortunato diz que “ousado no seu género, André Mingas deixa uma dor imensa e um vazio irreparável no cenário musical angolano, enquanto ícone incontornável da modernidade estética da música” nacional.
“Cantor e compositor único, pela plasticidade do timbre vocal, André Mingas está na vanguarda da renovação do fraseado da Música Popular Angolana e lutou, até à data da morte, infelizmente prematura, pela internacionalização, efectiva, de um segmento importante da nossa música popular”, frisa o texto.
Jomo Fortunato diz render “eterna homenagem, não só como amigo, companheiro e professor dos artifícios da música, e da arte, na sua generalidade”, mas também por o “ter fortemente influenciado, musicalmente, de forma directa, uma acção que se estende a alguns nomes de cantores paradigmáticos” da música contemporânea angolana.

“Julgo que o melhor tributo à magnitude e alcance estético da sua obra, que se nos afigura intemporal, é dignificar os artistas e a imponente história da Música Popular Angolana”, afirma mensagem, que conclui: “Descansa em paz porque temos a certeza que os teus feitos vão marcar o futuro e prestígio da tradição da nossa música popular”.
A mensagem do Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas sublinha que a morte inesperada de André Mingas deixa um vazio na sociedade angolana, em particular na União Nacional dos Artistas e Compositores (Unac).
À Redacção do Jornal de Angola chegaram também mensagens de condolências da União Nacional dos Artistas e Compositores (Unac) das embaixadas de Angola no Botswana, Brasil e na Suécia, Países Nórdicos e Estados Bálticos da Estónia e da Lituânia.
André Mingas, que era cônsul de Angola em São Paulo, desempenhou, entre outros cargos, o de vice-ministro da cultura, assessor do Presidente da República para os Assuntos Locais e Regionais e director Nacional da Massificação Cultural, do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual e da Direcção Nacional de Espectáculos e Direitos de Autor.
A Liga Africana apresenta os mais sentidos pêsames à familia enlutada. Paz à sua alma.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Morreu André Mingas

Angola perde um filho muito querido.

Nesta hora de dor e de luto em que Angola perde um filho muito querido, o arquitecto e músico André Vieira Dias Mingas, a Liga Africana junta-se a todos quantos se revêem nesse enorme sentimento que representa a morte trágica deste filho da pátria e apresenta à familia enlutada os mais elevados sentimentos de pesar.

Paz à sua alma.

Luanda, aos 12 de Outubro de 2011
O Corpo Directivo da Liga Africana

sábado, 8 de outubro de 2011

Prêmio Nobel da Paz de 2011 é dividido entre três mulheres

Thorbjoern Jagland, presidente do comitê do Nobel, argumentou que as laureadas foram "recompensadas por sua luta não violenta pela segurança das mulheres e pelos seus direitos a participar dos processos de paz".
Três mulheres - a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a também liberiana Leymah Gbowee e a ativista iemenita Tawakkul Karman - foram laureadas com o Prêmio Nobel da Paz de 2011.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (7) em Oslo, Noruega, pelo comitê que outorga o prêmio desde 1901. As vencedoras vão dividir um prêmio de US$ 1,5 milhão.
 
"A esperança do comitê é de que o prêmio ajude a colocar um fim na opressão às mulheres que ainda ocorre em muitos países e a reconhecer o grande potencial para democracia e paz que as mulheres podem representar", disse o presidente do comitê.
"Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não obtêm as mesmas oportunidades que os homens para influir nos acontecimentos em todos os níveis da sociedade", disse Jagland.

Tawakkul Karman, Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee

Ellen Johnson Sirleaf, de 72 anos, foi a primeira mulher a ser livremente eleita presidente de um país africano, em 2005. Economista e mãe de quatro filhos, a "Dama de Ferro" tenta a reeleição em pleito marcado para esta terça-feira (11). "Desde sua posse em 2006, contribuiu para garantir a paz na Libéria, para promover o desenvolvimento econômico e social e reforçar o lugar das mulheres", disse Jaglan, ao justificar a premiação

Sua compatriota Leymah Gbowee teve um papel importante como ativista durante a segunda guerra civil liberiana, em 2003. Ela mobilizou as mulheres no país pelo fim da guerra, organizando inclusive uma "greve de sexo" em 2002. Também organizou as mulheres acima de suas divisões étnicas e tribais no país, ajudando a garantir direitos políticos para elas.

E Tawakkul Karman, ativista iemenita pró-direitos das mulheres, tem importante participação na chamada Primavera Árabe, movimento pró-abertura democrática que vem sacudindo politicamente vários países do mundo árabe desde o início do ano. Em entrevista à TV Al Jazeera, ela disse que o prêmio é "uma vitória para todos os ativistas iemenitas", mas que a luta pelos direitos continua no país.
"Nas mais difíceis circunstânias, tanto antes como depois da Primavera Árabe, Tawakkul Karman teve um papel importante na luta pelos direitos das mulheres, pela democracia e pela paz no Iêmen", segundo o comitê.

O Nobel é escolhido por um comitê norueguês de cinco membros, apontados pelo Parlamento da Noruega.
Geralmente, a tendência é optar pela diversidade dos ganhadores. No ano passado, o ativista chinês pró-democracia Liu Xiaobo foi o ganhador.
Em 2009, foi o presidente dos EUA, Barack Obama, por conta de seus esforços em relação à questão nuclear.

Poucas mulheres

Até agora, em 111 anos, apenas 12 mulheres haviam recebido o Nobel da Paz.
A última mulher a ganhar também foi uma africana, a militante ecologista queniana Wangari Maathai, que morreu há pouco. Em 2011, o Nobel da Paz registrou uma cifra recorde de 241 candidaturas de indivíduos e organizações. O prêmio será entregue em Oslo no próximo dia 10 de dezembro.

Desde 1901. Estabelecido em 1901, o Prêmio Nobel tem o objetivo de reconhecer pessoas que tiveram atuações marcantes nas área da física, da química, da medicina, da literatura, da paz -e, desde 1968, também da economia. O prêmio foi estabelecido pelo cientista e inventor sueco Alfred Nobel, criador da dinamite, que morreu em 1895 e uma fundação para administrá-lo.
A premiação consiste de uma medalha, um diploma e um prêmio em dinheiro de 10 milhões de coroas suecas, o equivalente a US$ 1,5 milhão.

Todos os prêmios são concedidos em Estocolmo, capital da Suécia, a não ser o da paz, que é dado em Oslo, capital da Noruega.
Na época em que Nobel era vivo, a Noruega e a Suécia estavam unidas numa monarquia - que durou até 1905, quando a Noruega tornou-se um reino independente. Em seu testamento, Nobel determinou que o prêmio da Paz deveria ser decidido por um comitê norueguês.
Os laureados com o prêmio são escolhidos de uma lista de nomeados, que não é divulgada previamente. Portanto, apesar de haver sempre muitos palpites e "favoritos", é muito difícil saber quem vai vencer.
Muitas vezes, o escolhido passa longe das previsões divulgadas pela imprensa na semana da premiação.
Neste ano, o nome de Ellen Johnson Sirleaf era citado entre os favoritos. E também se falava muito na possibilidade de algum nome ligado à Primavera Árabe ser escolhido. As informações são do G1.

Os corpos gerentes da Liga Africana, congratulam-se com tão elevada distinção a três senhoras que lutam pela paz, democracia e pelos direitos das mulheres de todo o mundo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

“UMA PÁGINA DA HISTÓRIA DE ANGOLA “


Jaime de Sousa Araújo

Foi nas terras do Cazengo que se forjou a conspiração vergonhosa dos colonos residentes, contra atenta pacífica postura dos naturais de Angola acoimada de “Revolta de Mata Brancos “ .

Estranhamente, de há muito que Portugal sentia a perda das suas colónias africanas, sobretudo no período que antecedeu à independência do Brasil

Os residentes europeus do Kwanza – Norte receavam a afirmação sócio – económica de uma élite de negros e mestiços que reflectiam sobre uma possível auto-determinação do território que desde a expulsão dos Holandeses pelo Almirante Salvador Correia de Sá e Benevides, grande parte dos quadros da Administração Colonial era ocupado por varões brasileiros treinados no negócio de escravos e Importação e Bens procedentes do Brasil.

Desde as últimas décadas do século XIX nos primórdios do século XX várias armadilhas foram urdidas para delimitar a capacidade de intervenção intelectual e económica dos naturais, que souberam sempre defender com brio seus interesses dando resposta adequada aos insolentes que procurassem denegrir a honra dos naturais.

Tanto assim, que no princípio do século XX um grupo de colonos maldosos desferiu ataque aos naturais da terra, através de um “ pasquim periódico de Luanda com título “ “contra grei pela grei “ achando que os nativos não merecem tratamento igual no julgamento das suas faltas ou infracções judiciais. A resposta de uma pléade de intelectuias não se fez tardar em forma de resposta acutilante nos jornais da sua propriedade editados em Luanda.

Em reforço aos insultos editaram um livro sob o título “ Voz de Angola clamando no deserto “ em 1902 com depoimentos e apoio de figuras portuguesas que igualmente responderam a leivosia dos colonos.

Contudo, o diabo tece as maldições armando “ tocaisos “ congeminadas por colonos ávidos de assumirem a posse de bens, imobiliários e terrenos férteis para agricultura.

Assim é que se denuncia a falsa conspiração, quando antes se deram outras revoltas acoimadas de “ mata brancos “, como a do Congo liderada pelo Dom Álvaro Tulante Buta, apoiada por missionários estrangeiros pela ocupação das terras do Congo e pagamento compulsivo “ imposto de cabeça “, dando lugar a deportações em massa em São Tomé e Príncipe, e posteriormente as insurreições em cadeia dos Dembos, Mussende, Ambaca, Amboim – Seles, Libolo, Bailundo e Cunene num período permanente de 20 anos.

Tem convulsões de desapontamentos a repressão colonial permitiu que o Governador Geral Norton de Matos extinguisse por despacho de 1913 Liga Angolana, deportando dentro do país os fundadores:

Manuel Pereira dos Santos Van – Dúnem, José Vieira Dias, António Ferreira de Lacerda e outros.

Acusava então, Norton de Matos as Associações Africanas da época como fulcro das revoltas espalhadas pelo território, permitindo que a sanha revoltosa dos colonos tratasse a Liga por uma “ Associação de Mata Brancos “.

Estávamos no mês de Julho, como agora, quando é forjada a conspiração de colonos do Cazengo contra os naturais da terra servindo de rastilho o intriguismo de joão Baptista de Sá, gerente da Companinha Comercial do Cazengo, por rivalidades comerciais e acusação de ter sido autor de desvio de certa mercadoria dos armazéns do Caminho – de – Ferro no Lucala, segundo o comerciante Manuel Moreira.

As autoridades administrativas trataram de proceder a prisões em massa, envolvendo figuras mais proeminentes da região com destaque para:

      - António Assis Júnior
      - Domingos Van – Dúnem
      - António Joaquim de Miranda, relevante activista da educação dos aborígenes.
      - Paulo Alves da Cunha
      - Fernando Correia Cabral
      - Adriano dos Santos
      - Sérgio José da Silva
      - Manuel Augusto dos Santos
      - Pedro Mendes Duarte
      - Manuel Correia Víctor
      - Filipe de Sá Mello
      - António Faustino
      - José Feliciano Vicente
      - Francisco Jerónimo
      - Francisco Bartolomeu
      - Joaquim Fortuna
      - Félix Adriano
      - Alberto Mateus
      - Francisco Gonçalves
      - Augusto Aleixo da Palma
      - António Luís Da Silva e outros.

As vítimas acima referidas, com destaque para o escritor António Assis Júnior e o chefe da estação do Cazengo, Domingos Van – Dúnem, enclausurados nas masmorras da Fortaleza de São – Miguel de Luanda a partir de Agosto de 1917.

O efeito repressivo das autoridades colónias produziu reacções em cadeia traduzidas pelas revoltas já referidas.

A cabala foi tão bem urdida pelos colonos do Cazengo aliados às autoridades que acabou por envolver o testemunho de vários representantes da terra em recurso interposto por António Assis Júnior nas masmorras da Fortaleza de São Miguel, tendo entre outros prestado declarações figuras respeitadas como:

- O Administrador de circuscrição Antunes Ferreira,
-  O Delegado de Saúde Dr. Augusto de Brito e Nascimento,
José de Sá Vasconcelos Júnior,
- Lucrécio Africano de Carvalho,
-  Carlos Giovetti,
-  Adolfo Correia,
-  Estêvão Fernandes,
-  Casimiro Pereira Bravo,
Alonso de Soto Veiga,
-  Eusébio Rodrigo da Costa
- Adriano dos Santos

De tudo quanto terão a paciência de escutar, assalta–me ao pensamento que as convulsões aqui transmitidas em forma de história tiveram efeitos positivos na tomada de posição dos direitos e liberdades, então restringidos aos naturais da nossa terra.

Contudo, as lições dos nossos antepassados serviram de incentivo à luta de libertação que culminou na independência de que disfrutamos.

Jaime de Sousa Araújo
Liga Africana




































sábado, 1 de outubro de 2011

Dom Damião Franklin, Arcebispo de Luanda é recebido pelo Senhor Presidente da República

O Presidente da República recebeu ontem 30.09.2011 Dom Damião Franklin, Arcebispo de Luanda.
D. Damião Franklin considerou proveitoso o encontro com o Chefe de Estado. “O encontro correu muito bem”, disse o arcebispo de Luanda, indicando que “viemos tratar de assuntos de âmbito bilateral entre a Igreja e o Executivo, em relação a questões, aqui de Luanda, que interessam aos fiéis, que também são cidadãos”. O líder religioso pronunciou-se sobre a situação social na capital angolana, considerando que o quadro actual “pode ser motivo de alerta não só para quem governa, mas também para quem é governado”. Dom Damião Franklin defendeu a necessidade de se “encarar as coisas com realismo, com patriotismo e muito sentido de responsabilidade”. O arcebispo de Luanda considerou “importante sermos os protagonistas da nossa felicidade”, lembrando que “para isso é preciso trabalharmos todos juntos, não só os que governam, mas também os que são governados, pois que a paz social, de que se fala tanto, é um objectivo que deve ser preocupação de todos”.
D. Damião Franklin considerou imperioso que a paz seja preservada, porque “estamos a ver que em pouco tempo Angola avançou muito mais que durante a guerra toda. A guerra gasta financiamentos, gasta as pessoas, traumatiza. Todos nós experimentámos isso em Angola, e é claro que nós não gostaríamos que isso se repetisse”.
A Liga Africana congratula-se com a preocupação da igreja católica na preservação da paz duramente conquistada pelo povo angolano e felicita Sua eminência o arcebispo D. Damião e o Senhor Presidente da República Senhor Engenheiro José Eduardo dos Santos pelo encontro entre ambos.

Comboio da Canhoca ( 2004 ) 87 min | 35 mm/cor Realização: Orlando Fortunato SINOPSE OFICIAL: Angola, Malange, 1957. Consequência de uma ...