quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Morreu João Fialho da Costa

João Fialho da Costa era membro da Liga Nacional Africana, enfermeiro de profissão, nacionalista angolano e militante do MPLA de primeira hora, foi integrante do histórico "Processo dos 50", lutador consequente pela causa da independência nacional.

Faleceu no dia 6 de Dezembro em Luanda, por doença.

A Angop destaca que desde a segunda metade do século passado, participou activa e fervorosamente no movimento clandestino de combate às amarras da então dominação colonial portuguesa, o que lhe custou várias detenções, em Luanda, o desterro no Tarrafal, em Cabo Verde, entre outras vicissitudes.

Aos 82 anos de idade, João Fialho da Costa deixa um exemplo inapagável de amor à pátria, de trabalho e de muita devoção à causa da paz, da unidade, reconciliação nacional, liberdade e do desenvolvimento do país, o que as gerações presentes e futuras saberão honrar, exalta a fonte.

Neste momento de dor e de luto, a Direcção da LIGA AFRICANA, em nome dos seus corpos directivos e sócios, inclina-se perante a memória de João Fialho da Costa e apresenta à família enlutada, à Associação dos Sobreviventes do Tarrafal e ao MPLA, as suas mais sentidas condolências

A Direcção

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As línguas angolanas como património

*João Pinto - Jurista e Deputado
Escrevo este texto para uma reflexão sobre a política linguística que deve orientar o Estado angolano nos termos da Constituição, devendo todo pensamento político se submeter à nova realidade, sejam normas anteriores internas ou convencionais, nos termos dos artigos 6.º e 239.º da CRA. No caso do Direito Internacional, submete-se à Constituição, nos termos da Convenção de Viena Sobre os Direitos dos Tratados.

Pretende-se definir o Estatuto do Angolês ou relativo à particularidade do Angolano, assim como há o Inglês, o Francês e o Português, pelo facto de ser o elemento ecológico do documento, a evolução lexicológica, catalogação de expressões exclusivas ou .relativa ao Angolano ou Angolês, a longo prazo.


Foi aprovada na generalidade a proposta de lei sobre o Estatuto das Línguas Angolanas de origem Africana, estando em vista a sua aprovação na especialidade, exigindo-se que o documento seja conformado com a Constituição e atender à conveniência política.


Contrariamente à corrente historicista ou etnolinguística, propalada no Semanário Económico de 10 de Novembro, pelo linguista José Pedro, que viola normas deontológicas do servidor público e a disciplina hierárquica, sou da teoria eclética, que busca a riqueza da herança africana, para confluíla com a Língua Portuguesa, resultando daí uma Língua pós-moderna, transcultural, o Angolês. E não o crioulo, que nasceu da pressão colonial em ilhas como as de Cabo-Verde, S. Tomé e Príncipe,
Antilhas, Haiti, Seychelles, Porto Rico e outras, segundo o linguista Francês, Calvet (2004:51).

Aqui é o povo soberano por força da Constituição que promove o estudo, ensino, utilização e a promoção da angolanidade ou do angolês. Esta é a tese de pedagogos,
escritores e linguistas mais reputados como Zau (2010), Mingas (1985) e Melo (2011) que qualquer legislador ou político deve atender. Os escritores angolanos são pelas realidades histórica, ambiental, cultural e humana nacionais.

Sobre o documento importa relembrar que ele procura atender à nova ordem jus constitucional e política, por força dos artigos 1.º, 2.º, 3.º, 7.º, 19.º, 21, 23.º e 87.º, todos da CRA.

I - Fundamento sobre a Unidade Territorial e Histórica

1. A presença colonial procurou sempre discriminar a utilização das línguas africanas, desde os primórdios da ocupação, evangelização, formação das elites governantes no Kongo, Ndongo, Matamba e Kassange, dos séculos XV a XVIII, impondo valores culturais exógenos ou estrangeiros, em detrimentos dos endógenos ou nacionais das populações africanas.

Numa primeira fase, era a fé cristã, para depois formarem-se elites religiosas, culturais e políticas concretizando os objectivos da evangelização e depois a dominação cultural ou colonização. Assim sendo, aprender e apreender a religião do europeu e sua língua era sinónimo de elevação social, civilização, reconhecimento ou inclusão nos interesses do outro dominador contra o eu ou nosso dominado. Há assim, uma alienação axiológica.

2. Com o tráfico de escravos, o convívio foi tornando-se mais lastimoso, a intriga, manifestava-se pela aceitação ou não do clero, militares e administrativos enviados pelo Estado português, por via do seu representante na corte ou Mbanza, interferindo em todas questões políticas, económicas e culturais. É assim que a nobreza Kongo vai viver o conflito de sucessão no Século XVI, depois da morte de Nzinga Nkuvo, tendo havido interferência do clero católico e de militares portugueses no Kongo, para se adoptar a sucessão do filho e não do sobrinho como mandava o direito consuetudinário konguês. Aqui começa de facto a interferência religiosa no direito africano da época, resultando daí o conflito entre Mpemba-a-Nzinga e Mpango-a-Kitina, respectivamente, filho e sobrinho do de cujos monarca Mwene Kongo Dia Ntotila, em 1506.

3. A necessidade de alargamento dos interesses europeus no Século XVIII e como consequência da Revolução Industrial e depois Política na América e na França, os europeus viramse na necessidade de manter os interesses de forma equilibrada, repartindo os espaços, administrando-os, por via do poder político (Administração e Exercito) e a religião da nação dominadora (Católica e Protestante, consoante o interesse fosse anglo-germânico ou latino). Isto obrigou à redefinição dos territórios colonizados por via da ocupação efectiva. É assim que nasce a divisão de África na Conferência de Berlim de 1884/5, obrigando a que as potências ocupassem, cultural, administrativa e territorialmente os seus domínios geográficos, para reivindicarem a colonização.

4. É assim que, nascem as políticas coloniais de assimilação, resultantes do Estatuto do indigenato e o imposto de palhota, com interesses administrativos, financeiros e culturais. Os documentos foram aprovados nos anos vinte a cinquenta e quarto do século vinte. É assim, também, que a configuração do território actual é designada por Angola, incorporando todos os povos dos antigos reinos até então dominados, guerreados e explorados, a despeito da sua resistência tenaz para a manutenção das respectivas soberania política e cultural. Esta luta prosseguiria mais tarde com a geração de cinquenta e sessenta, instruída com as políticas coloniais, que resistiu por via da escrita (Fontes Pereira, Assis Júnior, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato da Cruz, Liceu Vieira Dias e outros), o que contribuiu para a assumpção de uma consciência nacional.

5. O Nacionalismo angolano é deveras inclusivo ou aglutinador por razões históricas: as divisões etnolinguísticas, regionais ou religiosas não se sobrepuseram à defesa da Pátria, mesmo quando inicialmente ela começa com as elites urbanas ou rurais no litoral de Luanda, Benguela, assim como no Norte e Centro do país. Tais grupos de intelectuais pertenciam às várias camadas sociais, étnicas, linguísticas, religiosas ou raciais; não havia homogeneidade étnica ou racial no combate ao colonialismo. Utilizou-se o pluralismo étnico, racial e regional. Quando isto não aconteceu, soçobrou a tendência segregacionista ou discriminatória.
Esta é a razão de defendermos a teoria segundo a qual o Nacionalismo Angolano é plural, mas tendendo para a unidade, por razões históricas da sua luta colonial e pós colonial. ■

(*) Jurista, professor e deputado

As línguas angolanas como património cultural e factor de coesão nacional (1)

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Doze crianças morrem diariamente no Hospital Pediátrico de Luanda e a situação tende a agravar-se. De facto, só nos últimos seis meses registou-se um aumento de 20% na taxa de mortalidade. Das mais de quatrocentas crianças observadas diariamente, noventa e seis são internadas e doze óbitos são registados, segundo revelam as últimas estatísticas.

A malária continua a ser a principal causa de morte depois das anemias, doenças respiratórias e sub-nutrição como referiu a médica Ermelinda Ferreira que lamenta os dados estatísticos dos últimos meses.
O hospital não tem condições de atender à demanda. Mais de cem pacientes estão numa sala que prevê apenas o internamento de 30 doentes o que obriga a partilha das camas por mais de duas crianças.
A situação deixa agonizada as famílias que acorrem para a única unidade sanitária pediátrica de Luanda em busca da saúde dos seus filhos.
Apesar das dificuldades as enfermeiras garantem tudo fazer para tentar salvar a vida das crianças e recomendam como solução a ampliação das estruturas físicas do hospital pediátrico.
A Direcção da Liga Africana, informada desta realidade, irá fazer uma visita àquela unidade hospitalar no dia 28 de Novembro de 2011 às 10h, com o objectivo de programar acções que venham a minimizar as dificuldades.

Liga Africana
Luanda, 23 de Novembro de 2011

sábado, 12 de novembro de 2011

Prémio Nacional de Cultura e Artes - Músicos animam gala dos laureados

Luanda – O corpo de Júri da edição 2011 do Prémio Nacional de Cultura e Artes apresentou nesta sexta-feira, em Luanda, os vencedores das distintas categorias, bem como as respectivas considerações sobre os vencedores no seu relatório final cujas justificativas abaixo se apresentam.

Na categoria de literatura, a escritora Maria Eugénia Neto venceu pela sua contribuição e persistência na valorização da literaturainfanto-juvenil, numa altura em que se procura, cada vez mais, promover o gosto pela leitura, reflexão e espírito critico, sobretudo no seio das novas gerações. De acordo com os júris, Maria Eugénia Neto está entre os precursores deste género em Angola, continuando a dar um laborioso e fecundo contributo, depois da publicação da primeira obra E nas Florestas os Bichos Falaram. O júri considera que a poesia de Maria Eugénia Neto, além de constituir uma saudosa e angustiante evocação da imagem de Agostinho Neto (1º presidente de Angola, e seu esposo), mantém um forte vinculo de intertextualidade com a obra Sagrada Esperança, problematizando aquilo que o social busca problematizar.


Por sua vez, o Ballet Tradicional venceu pelo conjunto da sua obra, pela trajectória de 27 anos ininterruptos, de persistência artística no domínio da dança tradicional e popular recreativa. O júri considera ainda que o grupo mereceu distinção pela divulgação da cultura nacional em certames e festivais internacionais, tendo, em alguns casos, ganho prémios. Considerou-se também a sua forma estrutural de grupo-academia de dança tradicional, e por constituir representações para a divulgação da dança no território nacional, bem como no exterior.
Na disciplina de música, João Morgado, conhecido percussionista com mais de 50 anos de carreira activa, ininterrupta, foi considerado, pelo respeito que granjeia de várias gerações dos centros urbanos de todo o país e além-fronteira.

Os músicos Wiza, Vum-Vum, Té Macedo, Armanda Cunha, Canda, Tiviné, o Colectivo Teatral Etu Lene e a Banda Movimento da Rádio Nacional de Angola, foram convidados a abrilhantar a gala de outorga do Prémio Nacional de Cultura edição 2011.


O júri considera, em seu relatório, que João Morgado é detentor de uma qualidade irrepreensível, assente numa sensibilidade e criativa impar no país. Diz que a síncope rítmica que, até aos dias de hoje marca a cadência do Semba – musica popular angolana – é obra brotada do génio do galardoado.

Na área de cinema e audiovisuais, a Tomas Ferreira, foi-lhe considerado a responsabilidade, abnegação, rigor, seriedade e determinação, tendo em consideração os valores mais supremos da cultura nacional.
“Os trabalhos Stop Sida e Angola Chama-te, ilustram bem a capacidade criativa deste realizador, a pensar Angola sempre com a visão sócio-política e cultural”, considera o relatório do júri. Refere ainda que o realizador usou a televisão de uma forma extraordinária. O júri considera que Tomás Ferreira, ao recorrer a vários géneros, construiu uma simbiose entre factos institucionais e a ficção, criando um entrosamento perfeito entre a técnica e plástica, prestando valioso contributo à valorização da identidade cultural angolana. “É de reconhecer o impacto positivo do magazine Stop Sida e os seus benefícios para a sociedade.

O grupo Vozes de África, da província do Huambo, foi consagrado pelo esforço que tem vindo a desenvolver para manter vivo o teatro na região, transformando-se num caminho incontornável para o De acordo com o júri, a sua regularidade na realização de espectáculos confere-lhe o título de grupo com a segunda maior dinâmica de exibições no país há mais de dez anos. O júri refere que o grupo mostrou competência organizativa ao realizar, pela quarta vez consecutiva, o festival inter-provincial de teatro Vozes de África, o que lhe mereceu o reconhecimento do Ministério da Cultura.

O pintor Mendes Ribeiro venceu pelo elevado valor artístico do conjunto da sua obra, desenvolvido ao longo de 37 anos de carreira, dando um forte contributo ao desenvolvimento das artes em Angola.


Vladimiro Fortuna venceu pela obra Angolanos na Formação dos Estados Unidos da
América (EUA), pela relevância, a pertinência e o interesse que o livro representa para o estudo científico da historiografia angolana sobre o quotidiano da diáspora nesta região do globo.

O júri considera que a publicação pode ser um incentivo e um modelo, para que outros investigadores possam alargar a reflexão e o estudo a outras áreas que reclamam divulgação, visando o enriquecimento da historiografia angolana.
A Liga Africana congratula-se com a excelência desta gala a que teve a honra de ser convidada pelo Ministério da Cultura a assistir, pelo que os membros da sua Direcção agradecem.

O Secretário-geral
 
Nesta gala foi também prestada uma singela e eterna homenagem a JORGE MACEDO, pela sua contribuição ao estudo e valorização da marimba que sua filha Té Macedo executa com mestria. Poeta, ensaista, investigador e etnomusicólogo deixou um legado que marcará decerto, a história da cultura angolana e tem servido de guia para as gerações mais jovens de estudiosos da cultura e da literatura angolana.



A cultura nacional é rica, é boa e nós gostamos !

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Tributo ao Dr. João Vieira Lopes - Associação Chá de Caxinde

PERFIL

João Baptista de Castro Vieira Lopes nasceu em Luanda em 1932, onde concluiu o liceu. Em seguida embarcou
para Portugal em 1952 para estudar Medicina. Em terras lusas, foi Presidente da Casa dos Estudantes do Império e dirigiu a famosa “fuga dos 100”.


domingo, 16 de outubro de 2011

Ministra da Cultura rende homenagem a André Mingas

A ministra da Cultura, Rosa e Cruz e Silva, considerou hoje, domingo, em Luanda, que o falecido músico André Mingas vai inspirar à nova geração a preservação dos ritmos angolanos.

Em declarações à Angop, no âmbito do elogio fúnebre de André Mingas, a ministra referiu que o finado deixa, seguramente, um testemunho de artista, sempre na preservação do semba, que é a marca da música popular angolana.

Segundo a ministra, André Mingas foi um "grande" promotor da cultura de Angola, inclusive dirigindo áreas dentro do Ministério da Cultura.


“Ele era um músico com uma sensibilidade fantástica para a poesia, compunha as suas letras e fez um paradigma dentro da música popular angolana, num misto com a tradicional e com a moderna”, disse.

Nascido a 24 de Maio de 1950, André Mingas cresceu no bairro do Cruzeiro, em Luanda, era oriundo de uma família de artistas.


André Mingas foi músico e arquitecto de formação, tendo sido docente universitário em Portugal e Angola. Estudou na Universidade Agostinho Neto e, posteriormente, na Universidade Técnica de Lisboa.

Um dos grandes nomes da música angolana, André Mingas ocupou o cargo de assessor do Presidente da República para os assuntos locais e regionais acumulando, durante alguns anos, com a função de vice-ministro da Cultura de 2002 a 2008.


A música “Esperança” é considerada “uma das virtuosidades do cancioneiro assinada por André Mingas”. Outras canções também merecem destaque no seu percurso artístico, dentre as quais “Tchipalepa” e “Mufete”.





Comboio da Canhoca ( 2004 ) 87 min | 35 mm/cor Realização: Orlando Fortunato SINOPSE OFICIAL: Angola, Malange, 1957. Consequência de uma ...