domingo, 18 de dezembro de 2011

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O corredor do rio Kwanza na região de Malanje, em Cangandala, faz parte de um projecto do Ministério da Cultura que visa a sua candidatura para a lista do património mundial, afirmou terça-feira, 13, o chefe de secção de monumentos e sítios do instituto nacional do património do Estado, Emanuel Cardoso.

O responsável que falava à margem da visita de 72 horas aquela província da titular da pasta do sector, Rosa Silva e Cruz, nas imediações do referido curso de água, recordou que o mesmo ocupou um lugar de destaque durante o processo da colonização portuguesa em Angola.

“Eixo de penetração para o interior de Angola”, com localidades “banzas” que serviram de capitais dos reinos do Ndongo e Matamba.

Os especialistas que trabalharam na região recolheram dados relacionados com a extensão e as zonas que são navegáveis no curso de água.

Emanuel Cardoso garantiu que os primeiros estudos visam a sua classificação ao nível do país, enquanto ao nível da humanidade o Estado angolano terá a missão de desenvolver acções atinentes à sua conservação, uma vez que alguns bens foram categorizados de forma particular e colectiva.

O chefe de secção de monumentos e sítios disse que é grande a quantidade do património edificado e sítios de interesse histórico, arqueológico, paleontológico e cultural.

A ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva e a equipa de trabalho que a acompanhou analisaram com o executivo de Boaventura da Silva Cardoso os programas de desenvolvimento cultural da circunscrição e a execução da política do sector, que carece de enquadramento nas acções dos governos provinciais.

A cartografia das tumbas dos antepassados existentes na região é outra preocupação que levou a ministra àquela localidade do país, onde o fenómeno religioso, as figuras históricas, as línguas nacionais, salas de cinema e bibliotecas constituem componentes de capital importância para o desenvolvimento cultural do o programa de visita de Rosa Cruz e Silva foi preenchido igualmente com encontros com os responsáveis da Associação dos Amigos e Naturais de Marimba (ANA MARIMBA), que defendem maior dignidade para o perímetro onde estão sepultados os restos mortais dos reis do Ndongo, com os agentes culturais e representantes de igrejas, além de visitas às obras de construção da biblioteca provincial, Cine Teatro Turismo e os túmulos de Capanda e Pedras Negras do Pungo Andongo, no município de Cacuso.
Fonte: Novo Jornal 204
Isaías Soares
Em Malanje

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Empresa angolana Plus Art Arquitectos ganha prémio internacional

Angop
05-12-2011 21:04
Distinção


Luanda – A Plus Art Arquitectos, empresa de direito angolano, integrada apenas por técnicos angolanos, foi premiada pelo The International Property Awards, numa gala realizada em Burj Al Arab, Dubai (Emiratos Árabes Unidos), soube hoje, segunda-feira, a Angop, em Luanda, de fonte da sociedade.

Face à conjuntura actual angolana, onde o domínio desta actividade pertence a empresas na sua maioria estrangeiras, é de vangloriar o facto de uma empresa angolana ser reconhecida internacionalmente por uma instituição de renome e visibilidade mundial, declara a firma em nota de imprensa.

De acordo com pesquisa e contactos da empresa na Ordem dos Arquitectos Angolanos, é a primeira vez que arquitectos nacionais com projectos de arquitectura realizados em Angola obtêm uma distinção ou prémio internacional.

Na gala citada, acrescenta, mesmo para o continente Africano, juntamente com a Plus Art Arquitectos apenas mais um Atelier africano (das Maurícias) foi galardoado, num evento onde dominaram no continente africano ateliers ingleses e indianos.

“Neste âmbito, este acontecimento parece-nos de extrema relevância e de interesse nacional, na medida em que engrandece o nome do país além fronteiras e enaltece o ego de todos os profissionais angolanos, quer no panorama da arquitectura, quer noutros domínios”, sublinham na nota.

A Plus Art Arquitectos Lda., atelier de Arquitectura e Urbanismo sediado em Luanda, concorreu com dois projectos de arquitectura ao prestigiado concurso internacional denominado "The International Property Awards", que em associação com a Bloomberg Television - está aberto a profissionais do ramo imobiliário, quer residencial e comercial do mundo.

The International Property Awards, todos os anos realiza uma gala internacional, onde após apresentação de candidaturas e triagem das mesmas, um júri internacional selecciona e promove a nomeação dos projectos por categorias.

“É com orgulho angolano, que a Plus Art Arquitectos empresa de direito Angolano, composta apenas por técnicos angolanos, foi premiada pelo The International Property Awards, no dia 17 de Novembro de 2011”, concluiu.

A Liga Africana congratula-se com tão elevada distinção a este grupo de jovens angolanos, pelo sua abnegação e dedicação à arquitectura. A eles as nossas felicitações e votos de muitos sucessos

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Morreu João Fialho da Costa

João Fialho da Costa era membro da Liga Nacional Africana, enfermeiro de profissão, nacionalista angolano e militante do MPLA de primeira hora, foi integrante do histórico "Processo dos 50", lutador consequente pela causa da independência nacional.

Faleceu no dia 6 de Dezembro em Luanda, por doença.

A Angop destaca que desde a segunda metade do século passado, participou activa e fervorosamente no movimento clandestino de combate às amarras da então dominação colonial portuguesa, o que lhe custou várias detenções, em Luanda, o desterro no Tarrafal, em Cabo Verde, entre outras vicissitudes.

Aos 82 anos de idade, João Fialho da Costa deixa um exemplo inapagável de amor à pátria, de trabalho e de muita devoção à causa da paz, da unidade, reconciliação nacional, liberdade e do desenvolvimento do país, o que as gerações presentes e futuras saberão honrar, exalta a fonte.

Neste momento de dor e de luto, a Direcção da LIGA AFRICANA, em nome dos seus corpos directivos e sócios, inclina-se perante a memória de João Fialho da Costa e apresenta à família enlutada, à Associação dos Sobreviventes do Tarrafal e ao MPLA, as suas mais sentidas condolências

A Direcção

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As línguas angolanas como património

*João Pinto - Jurista e Deputado
Escrevo este texto para uma reflexão sobre a política linguística que deve orientar o Estado angolano nos termos da Constituição, devendo todo pensamento político se submeter à nova realidade, sejam normas anteriores internas ou convencionais, nos termos dos artigos 6.º e 239.º da CRA. No caso do Direito Internacional, submete-se à Constituição, nos termos da Convenção de Viena Sobre os Direitos dos Tratados.

Pretende-se definir o Estatuto do Angolês ou relativo à particularidade do Angolano, assim como há o Inglês, o Francês e o Português, pelo facto de ser o elemento ecológico do documento, a evolução lexicológica, catalogação de expressões exclusivas ou .relativa ao Angolano ou Angolês, a longo prazo.


Foi aprovada na generalidade a proposta de lei sobre o Estatuto das Línguas Angolanas de origem Africana, estando em vista a sua aprovação na especialidade, exigindo-se que o documento seja conformado com a Constituição e atender à conveniência política.


Contrariamente à corrente historicista ou etnolinguística, propalada no Semanário Económico de 10 de Novembro, pelo linguista José Pedro, que viola normas deontológicas do servidor público e a disciplina hierárquica, sou da teoria eclética, que busca a riqueza da herança africana, para confluíla com a Língua Portuguesa, resultando daí uma Língua pós-moderna, transcultural, o Angolês. E não o crioulo, que nasceu da pressão colonial em ilhas como as de Cabo-Verde, S. Tomé e Príncipe,
Antilhas, Haiti, Seychelles, Porto Rico e outras, segundo o linguista Francês, Calvet (2004:51).

Aqui é o povo soberano por força da Constituição que promove o estudo, ensino, utilização e a promoção da angolanidade ou do angolês. Esta é a tese de pedagogos,
escritores e linguistas mais reputados como Zau (2010), Mingas (1985) e Melo (2011) que qualquer legislador ou político deve atender. Os escritores angolanos são pelas realidades histórica, ambiental, cultural e humana nacionais.

Sobre o documento importa relembrar que ele procura atender à nova ordem jus constitucional e política, por força dos artigos 1.º, 2.º, 3.º, 7.º, 19.º, 21, 23.º e 87.º, todos da CRA.

I - Fundamento sobre a Unidade Territorial e Histórica

1. A presença colonial procurou sempre discriminar a utilização das línguas africanas, desde os primórdios da ocupação, evangelização, formação das elites governantes no Kongo, Ndongo, Matamba e Kassange, dos séculos XV a XVIII, impondo valores culturais exógenos ou estrangeiros, em detrimentos dos endógenos ou nacionais das populações africanas.

Numa primeira fase, era a fé cristã, para depois formarem-se elites religiosas, culturais e políticas concretizando os objectivos da evangelização e depois a dominação cultural ou colonização. Assim sendo, aprender e apreender a religião do europeu e sua língua era sinónimo de elevação social, civilização, reconhecimento ou inclusão nos interesses do outro dominador contra o eu ou nosso dominado. Há assim, uma alienação axiológica.

2. Com o tráfico de escravos, o convívio foi tornando-se mais lastimoso, a intriga, manifestava-se pela aceitação ou não do clero, militares e administrativos enviados pelo Estado português, por via do seu representante na corte ou Mbanza, interferindo em todas questões políticas, económicas e culturais. É assim que a nobreza Kongo vai viver o conflito de sucessão no Século XVI, depois da morte de Nzinga Nkuvo, tendo havido interferência do clero católico e de militares portugueses no Kongo, para se adoptar a sucessão do filho e não do sobrinho como mandava o direito consuetudinário konguês. Aqui começa de facto a interferência religiosa no direito africano da época, resultando daí o conflito entre Mpemba-a-Nzinga e Mpango-a-Kitina, respectivamente, filho e sobrinho do de cujos monarca Mwene Kongo Dia Ntotila, em 1506.

3. A necessidade de alargamento dos interesses europeus no Século XVIII e como consequência da Revolução Industrial e depois Política na América e na França, os europeus viramse na necessidade de manter os interesses de forma equilibrada, repartindo os espaços, administrando-os, por via do poder político (Administração e Exercito) e a religião da nação dominadora (Católica e Protestante, consoante o interesse fosse anglo-germânico ou latino). Isto obrigou à redefinição dos territórios colonizados por via da ocupação efectiva. É assim que nasce a divisão de África na Conferência de Berlim de 1884/5, obrigando a que as potências ocupassem, cultural, administrativa e territorialmente os seus domínios geográficos, para reivindicarem a colonização.

4. É assim que, nascem as políticas coloniais de assimilação, resultantes do Estatuto do indigenato e o imposto de palhota, com interesses administrativos, financeiros e culturais. Os documentos foram aprovados nos anos vinte a cinquenta e quarto do século vinte. É assim, também, que a configuração do território actual é designada por Angola, incorporando todos os povos dos antigos reinos até então dominados, guerreados e explorados, a despeito da sua resistência tenaz para a manutenção das respectivas soberania política e cultural. Esta luta prosseguiria mais tarde com a geração de cinquenta e sessenta, instruída com as políticas coloniais, que resistiu por via da escrita (Fontes Pereira, Assis Júnior, Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, António Jacinto, Viriato da Cruz, Liceu Vieira Dias e outros), o que contribuiu para a assumpção de uma consciência nacional.

5. O Nacionalismo angolano é deveras inclusivo ou aglutinador por razões históricas: as divisões etnolinguísticas, regionais ou religiosas não se sobrepuseram à defesa da Pátria, mesmo quando inicialmente ela começa com as elites urbanas ou rurais no litoral de Luanda, Benguela, assim como no Norte e Centro do país. Tais grupos de intelectuais pertenciam às várias camadas sociais, étnicas, linguísticas, religiosas ou raciais; não havia homogeneidade étnica ou racial no combate ao colonialismo. Utilizou-se o pluralismo étnico, racial e regional. Quando isto não aconteceu, soçobrou a tendência segregacionista ou discriminatória.
Esta é a razão de defendermos a teoria segundo a qual o Nacionalismo Angolano é plural, mas tendendo para a unidade, por razões históricas da sua luta colonial e pós colonial. ■

(*) Jurista, professor e deputado

As línguas angolanas como património cultural e factor de coesão nacional (1)

Comboio da Canhoca ( 2004 ) 87 min | 35 mm/cor Realização: Orlando Fortunato SINOPSE OFICIAL: Angola, Malange, 1957. Consequência de uma ...