Debatido perfil político e literário do Poeta Maior na Liga Africana - Elisabete Ferraz (Jornal de Angola)

A Liga Africana realizou, sexta-feira, uma palestra sob o tema “A poética e a literatura patriótica do Dr. António Agostinho Neto na edificação da Liga Nacional Africana e a sua contribuição para a preservação dos valores da República de Angola”, sendo orador o ensaísta e escritor António Quino.

17/09/2023  ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 11H41
Além do debate sobre Agostinho Neto, a Liga Africana inaugurou uma exposição fotográfica sobre os feitos da instituição © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro

A palestra teve como moderador o presidente do Conselho Fiscal e Jurisdicional da Liga Africana, Carlos Eduardo da Fonseca Vieira Lisboa, e serviu para celebrar o 17 de Setembro, Dia do Herói Nacional, e mais um aniversário da Liga Nacional Africana.

António Quino, também professor catedrático, começou por destacar o primeiro texto poético de Agostinho Neto escrito em 1938, e do último poema de Agostinho Neto  intitulado "Sobre o sangue ainda quente do meu irmão”, escrito em 1972.

Durante a abordagem, recordou Corsino Fortes que afirmou que o político matou o poeta, referindo-se a Agostinho Neto. Porém, hoje, por mais fundamentos que haja, garantiu não concordar com essa afirmação.

Segundo António Quino, Agostinho Neto se assumiu como político e depois de se tornar Presidente de Angola o poeta  desapareceu. O palestrante cingiu-se nos textos poéticos de Neto e dos discursos que fez antes da proclamação da Independência Nacional a 11 de Novembro de 1975.

Referiu que os indicadores que Agostinho Neto transmitiu aos angolanos no momento da proclamação da Independência já anunciavam a sua poesia, "foi uma ligação que fazia entre o que escrevia depois de ter a oportunidade para materializar”.

António Quino  realçou a importância de os angolanos estudarem os textos e os discursos de Neto.

Carlos Lisboa deu a conhecer que a palestra foi realizada na Liga Africana por ser uma casa que contribuiu para o surgimento e consolidação do nacionalismo angolano, e lembrou numerosos factos patrióticos que foram protagonizados nos pretéritos anos do Século XX.

O tema, disse, foi escolhido por ser de interesse público, cuja materialidade foi encontrada na eloquência que é característica do prelector. "Foi através da literatura de  Agostinho Neto que marcou a sua passagem pela Liga Nacional Africana com a publicação do poema ‘Adeus à Hora da Largada’ e de uma crónica ‘A propósito do teatro de Keita Fodebá´”, na Revista da Liga.

O moderador acrescentou que foi dessa forma que António Agostinho Neto impulsionou o amadurecimento do espírito nacionalista dos leitores da Revista Angola, da Liga Nacional Africana.

"Neto foi um poeta que pautou sempre pela elevação e resolução dos mais nobres ideais, interesses e necessidades do povo angolano”, salientou o moderador, tendo considerado que o Poeta Maior procurou materializar na política aquilo que defendia na poesia.

A Liga Nacional Africana é uma Associação que congrega dezenas de compatriotas angolanos, com o objectivo de educar, instruir, divulgar a cultura e a história do povo através das mais diversas formas sociais, com destaque para música, literatura, teatro, dança, entre outras expressões artísticas e actividades sociais e recreativas, incluindo formação integral do cidadão angolano.

A palestra, cujo momento cultural foi animado pelo  Duo Canhoto, foi prestigiada por várias figuras do mosaico político angolano, com destaque para Amadeu Amorim, Miraldina Jamba, Pedro Van-Dúnem, Diogo Ventura e Michel Caianga.

No fim da palestra, António Quino recebeu das  mãos de Óscar Guimarães um certificado de mérito. Em declarações ao Jornal de Angola, Amadeu Amorim apelou ao palestrante a  documentar todo o conteúdo divulgado na palestra de forma regular, a fim de incentivar os jovens a lerem mais os poemas de Agostinho Neto.






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